Muitas são as causas da atual longevidade do homem, mas uma das mais importantes foi o advento dos antibióticos. A introdução da penicilina em 1940 foi uma verdadeira revolução no arsenal terapêutico contra infecções bacterianas, proporcionando tratamento eficaz contra moléstias mortais (apesar de muitas vezes simples).
Contudo, a difusão do uso e a administração descontrolada destes medicamentos, serviu de pressão seletiva para o surgimento de diversas bactérias resistentes, o que se tornou um problema de saúde grave, principalmente em ambientes hospitalares.
Apesar de intensas pesquisas nenhuma novidade neste campo terapêutico surgiu nos últimos 25 anos. O que não significa que novas moléculas não tenham chegado ao mercado neste período, mas as que chegaram atuavam com mecanismo de ação similar as já existentes, e por tanto rapidamente os microrganismos adquirem resistência.
|
L-enduracididine |
Um dos motivos para a resistência é que essas substâncias geralmente agem em alvos proteicos, e portanto facilitando o processo de resistência através de mutações que geram alvos modificados onde as substâncias não são tao eficazes.
Um grupo de pesquisadores americanos e alemães descobriram uma nova molécula (
aqui) que promete ser a próxima inovação terapêutica em antibióticos. A
Teixobactin é um
depsipeptídeo que possui alguns aminoácidos não tão usuais nesta classe de substancias: A
L-enduracididine, a metil fenilalanina e 4 aminoácidos de configuração D.
|
Teixobactin |
A Teixobactin é extraída de
bactéria gram negativa relacionado a Aquabactérias. E apresentou atividade contra patógenos
gram positivos, incluindo varios organismos resistentes, destacando-se a atividade contra
enterococci, M. tuberculosis, Clostridium difficile e
Bacillus anthracis.
O mecanismo de ação parece não estar relacionado à alvo proteico, a ação está associada a inibição da formação de peptidoglicanas da parede celular, através de ligação com lipídios precursores, o que dificulta o processo de formação de cepas resistentes.
Ainda é cedo para saber se a Teixobactin chegará ao mercado, mas os resultados são promissores, mesmo que a própria não chegue ao mercado servirá de protótipo para o melhor entendimento do mecanismo de ação e a preparação de substancias mais efetivas, que certamente movimentará um mercado milionário.
Toda esta história me lembrou de uma pergunta que me incomoda bastante: Quantos antibióticos são sintetizados no Brasil?